quarta-feira, 18 de agosto de 2010

ENVELHECIMENTO E AUTO ESTIMA

Por Wilson Meiler • dom, 12 de abril de 2009 • 1.458 Visualizações




Em tempos idos, em alguns países da Europa Oriental, havia um costume onde a partir de uma determinada idade os filhos adultos levavam os pais para um lugar longe de casa e os abandonavam à sua própria sorte para esperar a morte. A razão que originou tal costume era que os pais, já idosos e doentes, seriam um estorvo para os jovens que tinham de lutar por sua sobrevivência. Um dia, um filho chegou junto ao pai e levou-o embora. Ao chegarem ao lugar em que deveria ser abandonado, o pai abriu sua arca de madeira carcomida pelo tempo, e de lá tirou um bastão de ferro e um manto de lã de carneiro e os entregou ao filho. Estranhando os inusitados presentes, o filho perguntou ao pai do que se tratava, ao que o pai respondeu: “o bastão é para quando tu fores velho como eu e teu filho vier te trazer para ficares abandonado, tu o uses para manter afastados os animais que virão te acossar. E o manto, para que não sofras tanto frio até a hora da tua morte”. O filho, ao refletir sobre a situação, tomou o pai pelo braço e conduziu-o de volta para morrer em casa.

Em nossa sociedade, tenho observado duas situações interessantes que fazem com que não sejamos muito diferentes da sociedade daqueles países distantes. A primeira situação é aquela em que alguns jovens se mantêm ligados aos pais, casados ou solteiros, até uma idade bastante madura, usufruindo de sua ajuda financeira, moradia e outros confortos que não conseguiram criar para si mesmos, submetendo os pais em muitos casos a um esforço adicional e sacrifícios fora de época e lugar. Alguns filhos permanecem confortavelmente nessa situação até que os pais morram e eles continuem desfrutando dos bens que os pais conseguiram construir e deixar. A outra situação é aquela em que os jovens se casam, saem de casa e vão lutar pela sobrevivência, voltando sua atenção inteiramente para si e suas novas famílias. Sem tempo para oferecer aos seus velhos uma maior atenção, em determinado ponto eles são encaminhados para um asilo ou hotel de idosos e lá permanecem esquecidos esperando a morte, muitas vezes anos a fio. Os avanços da medicina e a mudança de paradigmas e estilos de vida em nossa sociedade estão aumentando o tempo de vida útil da humanidade de maneira drástica. Um avô de 55 anos dos anos 50, aquela figura idosa com bigode branco, de pijama e chinelos sentado numa cadeira de balanço ouvindo rádio, transformou-se num galã de cabelos nem sempre grisalhos, quem sabe já enfrentou uma plástica facial, e seja praticante de um esporte radical, ou costume freqüentar aquela discoteca do momento.

Sabemos que o envelhecimento é inevitável, pois começamos a envelhecer a partir do momento em que nascemos. Como ninguém aprecia ver que o tempo está passando não só para os outros mas também para si, e o espelho em dado momento começa a mostrar coisas que não gostamos de ver, a sociedade foi criando expressões com mecanismos que burlem psicologicamente esse processo, tais como: “terceira idade”, “melhor idade”, “maior idade”, não importa a expressão, o que se busca é amenizar os efeitos do tempo sobre nossa mente. O ponto a ser enfatizado é: não importa se estamos envelhecendo, nem mais cedo, nem mais tarde. O conceito de “terceira idade”, que se aplicava aos 50 anos, agora já passou a ser aplicado após os 60. Com certeza, dentro de mais alguns anos será aplicado após os 70 e a vida média se estenderá aos 100 anos. Peter Drucker um dos maiores consultores de administração continua ativo após os 90 anos, em plena produção mental, com o dobro da experiência de um consultor de 40 anos. Lasar Segal, aos 90 anos praticava o violoncelo de 4 a 6 horas por dia apenas para – em suas palavras – “sentir que estaria apresentando melhores concertos”. Como esses, Mandella, Roberto Marinho já falecido, e tantos outros nomes que continuaram ou continuam ativos muito tempo depois de terem entrado na “terceira idade”, são prova viva de que muita gente nunca se permitirá ser classificada ou engessada num conceito por causa da idade cronológica, pois a idade que temos é aquela que nos damos, ou a idade que sentimos que temos e que, como a auto-estima, está em cada um de nós.

Ao seu sucesso!!

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