segunda-feira, 5 de julho de 2010

CF 2003 já refletia sobre a questão da pessoa idosa

A possibilidade de chegar aos 100 anos nunca foi tão grande. O progresso está prolongando a vida, mas criando também diversos e grandes desafios:

o que fazer com esta legião de idosos e idosas?
Como garantir-lhes uma velhice saudável?
Será que vale a pena viver tanto?

A VELHICE

Ter vida longa sempre foi uma aspiração da humanidade e, viver bem, um direito do ser humano
Todos querem viver mais, mas ninguém quer ficar ou ser considerado velho. Todos gostam de serem vistos como novos. Novos no corpo e novos na mente. Novos no coração e com capacidade de amar.

O BRASIL É UM PAÍS JOVEM?

O Brasil é caracterizado como um país jovem, no entanto, sua população está mudando de cara. O país está ficando mais velho, e de forma rápida, bem mais veloz do que em outros países. A população com mais de 60 anos aumentou de 4%, em 1940, para 8,6%, em 2000. Hoje, são mais de 15 milhões, sendo que, em 2020, a população com mais de 60 anos atingirá a cifra de 15% (33 milhões, 6 vezes a população da Dinamarca).

Causas do envelhecimento da população:

• Diminuição da taxa de fecundidade das mulheres que, de uma média de 6 filhos, em 1960, em 1991 já baixava para 2,5

• Aumento da longevidade. No ano de 1980, era de 57,2 anos para o homem e 64,3 para a mulher, enquanto que, em 2000, já era de 64,8 anos para o homem e 72,5 anos para a mulher.

Portanto, em vinte anos, a estimativa de vida aumentou 7,6 anos para o homem e 8,2 anos para a mulher.

Outros fatores que influenciam no envelhecimento da população: redução da mortalidade, melhoria de infra-estrutura sanitária, avanços científicos, etc.

SITUAÇÃO DOS IDOSOS

Que bom, hoje o ser humano vive mais, mas a sociedade ainda não conseguiu atender adequadamente a esta parcela da população. Portanto, embora o aumento da longevidade seja uma conquista da humanidade, o envelhecer com qualidade de vida é um dos grandes desafios da sociedade moderna. Delicada é, de fato, a situação do idoso em nossas famílias e no seio da sociedade de consumo que, com seu espírito de produtividade, rendimento e eficiência, considera um peso a presença do idoso.

O envelhecimento da população é um fenômeno mundial. Isso traz importantes repercussões no campo social e econômico. É o que acontece no Brasil, onde a infra-estrutura que atende a essa população é precária, no que diz respeito a serviços, programas sociais e de saúde, particularmente para os idosos de baixa renda.

O Brasil, que sempre se considerou um país jovem, não se preparou para a realidade de 15 milhões de sexagenários, um em cada dezesseis habitantes.

A aposentadoria, conquista que deveria proporcionar um tempo de descanso e de realização de antigos sonhos, para a maioria dos idosos significa uma grave queda do poder aquisitivo, dificultando assim o pagamento do aluguel, da alimentação e dos remédios. Esta situação piora ainda mais quando as famílias se encontram sem condições de cuidar de seus anciãos.

CULTO AO CORPO

Hoje existe um verdadeiro culto ao corpo. Multiplicam-se assim as academias de ginástica, as cirurgias plásticas, os cosméticos e as drogas que prometem milagres.

A idéia subjacente a essas práticas é a de que a velhice feliz consiste em parecer jovem, o que leva muitos idosos a valorizarem a juventude que possuíram, vivendo do passado e desconhecendo os valores da sua própria velhice que ainda poderia ser repleta de vivências e realizações.

Nota-se também que, enquanto a ciência prolonga a vida do ser humano, a sociedade desestimula a participação da população idosa nos processos socioeconômicos e culturais. O mesmo diga-se do desinteresse dos meios de comunicação pela causa dos idosos.

A pressão social atua para negar a velhice enquanto tal, valorizando a pessoa que consegue disfarçá-la fisicamente (velhos “bem conservados”) e/ou psicologicamente (velhos “de espírito jovem”).

INCAPACIDADE OU EXPERIÊNCIA?

Nesse sentido, são as gerações mais novas que designam aos idosos seu lugar, status e papel. Na sociedade industrializada ocidental, o idoso quase não é ouvido e salienta-se, antes de tudo, a incapacidade mais do que sua experiência. Alega-se que a velhice traz prejuízos à saúde física e mental.

Por detrás dessas concepções fica evidente uma visão reducionista da pessoa humana, que só vale pelo que produz, e não pelo que é. Diga-se porém que esta discriminação acontece quase que exclusivamente com os mais pobres, pois são inúmeros os casos de dirigentes idosos que se mantêm longamente no poder.

Uma vez que o ancião se retira do mundo do trabalho, simultaneamente se afasta daquilo que dá sentido e prestígio nessa sociedade: o processo de produção. Conseqüentemente, ao invés de ser respeitado e valorizado, ele é tratado como criança, pessoa sem incidência efetiva. Trata-se de uma verdadeira conspiração silenciosa contra a velhice.

Mas nem sempre é assim, pois, em outros tipos de sociedade, encontramos os papéis inversos: os idosos são honrados por causa de sua rica experiência, tendo assim uma participação importante.
Fica claro, portanto, que uma das preocupações em relação aos idosos e à socieda de que envelhecerão deve ser a valorização dos talentos da terceira idade. Valorizando a capacidade que ainda possuem e estimulando seus dons, certamente eles “envelheçeraõ vivendo, e não vivam envelhecendo”.

PERIGOS DA VELHICE

A velhice, como todas as etapas do desenvolvimento humano traz consigo uma situação de crise existencial. Essa crise se apresenta em três dimensões:

• Crise de identidade: necessidade de novas relações consigo mesmo, com as demais pessoas e com o mundo dos valores.

A capacidade de se aceitar, de estar de bem com a vida, é fundamental para uma vida saudável.

• Crise de autonomia: Ser “dependente”, receber e não poder dar é, para muitos, uma idéia terrível, uma lição difícil de aprender.

• Crise de pertença: necessidade de novas relações com a sociedade. É preciso substituir os papéis sociais que vão se perdendo por outros, adequados ao próprio estado de vida, para não se cair na frustração. Daí a necessidade de estratégias de socialização dos idosos que, pelo fato de não irem mais trabalhar, desfazem-se do relacionamento com uma porção de companheiros.

Às vezes chega a viuvez e a solidão aumenta, já que a comunidade não valoriza mais a sua participação. A este ponto não é de se estranhar que alguns idosos entrem em estado de depressão.

UM PRÊMIO!

A vida longa é um prêmio. A velhice pode ser um tempo de intenso desenvolvimento social e espiritual. Não há nada que justifique a exclusão dos velhos.

Quem envelhece não deseja que sua vida sofra uma contração, pois, apesar das perdas, das dificuldades e dos problemas, o idoso quer viver, contando com a ajuda de sua experiência e ser premiado por ter lutado sempre.

Mas isso não é automático. Para pensar a velhice do futuro, é preciso muita criatividade. O tempo do velho deve ser reinventado.

Os exemplos não faltam. Basta observar as portas das escolas infantis e das creches. Quem leva as crianças e quem vai buscá-las? Quem as alimenta e cuida delas quando os pais trabalham? Quem vai à feira e ao supermercado? Quem põe seu lar à disposição dos filhos que não têm casa?

Mas, lamentavelmente, esse ser disponível, com trabalho e sem salário, quando necessitado, infelizmente e injustamente é considerado um peso.

Fonte: Texto-Base 2003
Mauri Heerdt

ESPIRITUALIDADE DA TERCEIRA IDADE

Esta é uma das áreas mais esquecidas no campo do envelhecimento: uma espiritualidade para os mais anciãos. Se houve grandes progressos na medicina, nutrição, transporte e outros fatores ligados aos idosos, o mesmo não se pode dizer da teologia, da filosofia ou da ética.

É preciso explorar melhor as dimensões mais profundas do envelhecimento e oferecer-lhe uma espiritualidade que dê sentido à vida humana neste momento mais difícil.

Entre as principais características para uma espiritualidade da Terceira Idade, podemos destacar:

A assistência religiosa: Cultivar a religiosidade do idoso é ajudá-lo a descobrir os valores humano-religiosos de sua idade e a viver esse tempo de sua existência na serenidade e na paz que só Deus sabe dar. É ajudá-lo a descobrir que mesmo os sofrimentos podem ser ocasião de crescimento interior, tanto para quem sofre como para os outros.

Otimismo e realismo: Encarar a realidade com clareza e coragem. A fé e a esperança nos ensinam a olhar para a frente, para a estrada que ainda temos que percorrer.

Contemplação: uma espiritualidade mais plena exige a abertura para a contemplação: saber parar, refletir, encontrar a Deus na oração e na prática da caridade.

Celebrar: esta idade pode trazer grandes alegrias, tais como chegar às bodas de ouro, ver os filhos se realizarem, ter velhos amigos. Isso tudo pode se tornar motivo de festa e celebração.

Autocompreensão: é fundamental aceitar a própria realidade. Aceitação que não significa resignação, mas aquela atitude e dignidade que vem da consciência esclarecida do processo natural da vida.

Relacionar-se: A felicidade dos idosos depende muito do entrelaçamento de relações estabelecidas com o cônjuge, com os filhos e netos e também no interior da sociedade mais ampla: amigos, vizinhos...

Conviver é contribuir: Para que a velhice não seja vazia e monótona, é preciso continuar a perseguir ideais que dêem sentido à vida: dedicação a instituições, trabalho social e político, intelectual... O amor é o critério último para o discernimento de toda autêntica espiritualidade, em qualquer idade.

Ser um eterno aprendiz: a assimilação de novos conhecimentos, atitudes e hábitos pode ocorrer em qualquer idade.

PARA OS AMIGOS DOS ANCIÃOS

Já faz muitos anos que nasci.
Muitas coisas boas e ruins aconteceram na minha vida, mas não estou cansado de viver!
A vida nunca cansa, porque é amor, e o amor não cansa e nem se cansa de amar.
Senhor!
Não sei quanto tempo tenho ainda para viver, mas tudo aceito como dom precioso de tuas mãos.
Quero só o que tu queres, e só desejo o que tu, Senhor, desejas para mim.
Senhor!
Às vezes sinto que o meu corpo está cada vez mais frágil, mas, de tudo isto, não tenho medo e nem quero ter, porque tu, Senhor, és meu Pastor e nada me falta.
Senhor!
Se não posso enxergar com os olhos do corpo, que possa ver com os olhos da fé.
Se os meus pés não podem mais andar, que eu seja peregrino e missionário no exercício do amor.
Se nada posso fazer que exija força, que eu tenha plena confiança na tua bondade.
Senhor!
Dai-me a força da esperança para crer no amanhã.
Que eu sirva somente de estímulo para todos os que de mim se aproximarem.
Que eu seja, com a tua força e a proteção de Maria, um idoso experiente e alegre.
Nada de amargura e raiva esteja em mim.
Senhor!
Dai-me a alegria de ver os jovens realizarem seus ideais, e que eu saiba oferecer-lhes os meus.
Que tenha a consciência da minha missão de ser fermento, sal e luz.
Que os jovens, olhando para mim, já experiente na vida, possam sentir e descobrir que vale a pena viver, com amor radical, o dom da vida.
Senhor!
Não estou cansado de viver!
Quero viver com alegria!
Quando e como Tu quiseres, quero partir deste mundo...
Se viver neste mundo é tão bom, sem dúvida será bem melhor viver contigo por toda eternidade. Amém!

Frei Patrício Sciadini

A família é o lugar onde os idosos têm o direito de se sentirem em casa.
Não permita que eles “chorem” hoje, para que amanhã você venha a
amargar um futuro sem sentido.

Só o amor é capaz
de superar os conflitos
de idade e de mentalidade

PARA REFLETIR

1 - Que lugar ocupam os idosos em nossa família?

2 - Nós escutamos o passado dos idosos?

3 - Admitimos e respeitamos o presente dos idosos?

4 - Atendemos as necessidades dos idosos?

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VELHA OU IDOSA?

"Idosa é uma pessoa que tem muita idade. Velha é a pessoa que perdeu a jovialidade.
A idade causa degenerescência das células. A velhice causa a degenerescência do espírito. Por isso nem todo idoso é velho e há velho que ainda nem chegou a ser idoso.

Você é idoso quando sonha. É velho quando apenas dorme.

Você é idoso quando ainda aprende. É velho quando já nem ensina.

Você é idoso quando pratica esportes, ou de alguma outra forma se exercita. É velho quando apenas descansa.

Você é idoso quando ainda sente amor. É velho quando só tem ciúmes e sentimento de posse.

Você é idoso quando o dia de hoje é o primeiro do resto de sua vida. É velho quando todos os dias parecem o último da longa jornada.

Você é idoso quando seu calendário tem amanhãs. É velho quando seu calendário só tem ontens.

O idoso é aquela pessoa que tem tido a felicidade de viver uma longa vida produtiva, de ter adquirido uma grande experiência. Ele é uma ponte entre o passado e o presente, como o jovem é uma ponte entre o presente e o futuro. E é no presente que os dois se encontram.

Velho é aquele que tem carregado o peso dos anos, que em vez de transmitir experiência às gerações vindouras, transmite pessimismo e desilusão. Para ele, não existe ponte entre o passado e o presente, existe um fosso que o separa do presente pelo apego ao passado.

O idoso se renova a cada dia que começa; o velho se acaba a cada noite que termina.

O idoso tem seus olhos postos no horizonte de onde o sol desponta e a esperança se ilumina. O velho tem sua miopia voltada para os tempos que passaram.

O idoso tem planos. O velho tem saudade.

O idoso curte o que resta da vida. O velho sofre o que o aproxima da morte.

O idoso se moderniza, dialoga com a juventude, procura compreender os novos tempos. O velho se emperra no seu tempo, se fecha em sua ostra e recusa a modernidade.

O idoso leva uma vida ativa, plena de projetos e de esperanças. Para ele o tempo passa rápido, mas a velhice nunca chega. O velho cochila no vazio de sua vida e suas horas se arrastam destituídas de sentido.

As rugas do idoso são bonitas porque foram marcadas pelo sorriso. As rugas do velho são feias porque foram vincadas pela amargura.

Em resumo, idoso e velho, são duas pessoas que até podem ter a mesma idade no cartório, mas têm idade bem diferente no coração. A vida, com suas fases de infância, juventude, madureza, é uma experiência constante. Cada fase tem seu encanto, sua doçura, suas descobertas. Sábio é aquele que desfruta de cada uma das fases em plenitude, extraindo dela o melhor. Somente assim, na soma das experiências e oportunidades, ao final dos seus anos guardará a jovialidade de um homem sábio.

Se você é idoso, guarde a esperança de nunca ficar velho."

(Mensagem volante sem menção a autor)

Viajando no trem da vida - Ivone

Gostei tanto de aprender a ler, mais eu queria ler bem como a minha professora dona Nízia, então eu lia muitas vezes as lições do livro de leitura, até decorei algumas lições e fazia de conta que eu sabia ler assim tão bem. A lição preferida era “O Trem de Ferro”, que nunca esqueci. É assim: “O trem de ferro corre sobre os trilhos de aço, na frente vai à locomotiva que puxa os carros. O trem de ferro parece uma serpente gigantesca a deslizar pelos campos. Já tenho viajado de trem muitas vezes, espero poder viajar de navio pelos mares e de avião pelos ares, como de ser gostoso, se já é tão bom viajar de trem”!
Morava no sítio nunca tinha visto trem e muito menos avião e navio. Hoje fico a pensar, bem como tantas pessoas da minha idade , nesta era de transformação, como é bom viver neste tempo e poder usar os meios que nos ajudam a viver tão bem.
Como é bom que hoje os idosos, assim como eu podemos viajar não só de trem de navio ou de avião, mas também na maravilha da comunicação que é a internet, poderemos nos comunicar com os filhos de longe ou de perto e com os amigos de muitos lugares, é nós dentro do mundo e o mundo dentro de nós.